Treinador admite semelhanças entre geração atual e a
comandada por Maradona no México, elogia alemães e evita confirmar saída da
seleção: "É irrelevante"
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Sabella lembrou que estava em pré-temporada
pelo Grêmio
quando a Argentina se sagrou bicampeã mundial
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Erro zero. Essa é a missão da Argentina para deixar o
Maracanã como campeã do mundo na noite deste domingo. Na prévia da decisão,
Alejandro Sabella atendeu neste sábado a um batalhão de jornalistas no palco da
final e não poupou elogios à Alemanha. Ciente da força do rival, o treinador
deseja que sua equipe apresente níveis máximos técnica, tática e
psicologicamente para voltar para casa com o tão sonhado tricampeonato do
mundo. Qualquer vacilo contra um time que fez 7 a 1 nos brasileiros pode ser
fatal.
Depois de chegar no Brasil como refém da genialidade de
Lionel Messi, a Argentina se transformou em um time forte coletivamente,
principalmente a partir do mata-mata. Com a principal estrela apagada, Sabella
fortaleceu o sistema defensivo, trocou peças e viu um time bem postado não dar
muitas chances para Suíça, Bélgica e Holanda. Contra os alemães, a estratégia é
a mesma, mas com ainda mais qualidade.
- Temos que fazer uma grande partida, com muita
concentração, ocupar os espaços rápidos. Não podemos deixar a bola para a
Alemanha. É um time muito forte, o que mais chega em decisões, junto com Brasil
e Itália. Um time que usa muito bem os espaços na defesa, os avanços dos
laterais, principalmente o Lahm. Teremos que fazer uma partida prefeita.
O bate-papo com a imprensa reservou ainda comparações do
time atual com o de 1986, comandado por Maradona e que levou o país ao topo do
mundo pela última vez. O comandante argentino admitiu que a força coletiva no
setor defensivo e a dependência de Messi na frente tornam as histórias das duas
seleções similares. E torce para que o final seja como o do dia em que ele
celebrou, no Brasil, por jogar no Grêmio, o bicampeonato.
- Esperamos que o resultado seja o mesmo. Estava no Grêmio
na época da final, em pré-temporada em Gramado ou Canela, não tenho certeza. Já
passou muito tempo. Há um certo grau de comparação (entre as equipes) e
esperamos que a situação se repita contra um rival tão forte.
Como não podia deixar de ser, Sabella foi questionado sobre
seu futuro. Nesta semana, seu agente relevou que a decisão da Copa encerra sua
passagem pela seleção. O treinador minimizou o assunto, mas não negou o adeus.
- É um tema irrelevante agora diante da importância da
partida.
O mistério da decisão está na participação ou não de Di
María. Angel se recupera bem de um estiramento na coxa direita, mas Sabella
deixou a dúvida no ar e tratou como determinante o treinamento deste sábado, em
São Januário. Caso o craque seja vetado, Enzo Pérez permanece em seu lugar.
Confira abaixo a íntegra da coletiva do treinador argentino:
Importância da
comissão técnica
- Todos têm um grande mérito por ajudar a melhorar dia após
dia. Sempre há o que evoluir, e eles estão presentes. Pela educação que me
deram os meus pais, é preciso estar pronto sempre para aprender. E são
profissionais que já tinham treinado equipes antes de mim. O professor Blanco
(preparador físico) é fase vital desse trabalho. Todos me ajudaram e estamos
juntos neste momento importante.
Legado de um possível
título
- Ser campeão é sempre muito positivo. Renovam-se as
expectativas, as esperanças. Há jogadores que atuam no futebol local, mas
outros que estão fora e tiveram uma carreira de muita dedicação, como Basanta e
Campagnaro. Um título dá incentivo a todos.
Comparação com 1986
- Esperamos que o resultado seja o mesmo. Estava no Grêmio
na época da final, em pré-temporada em Gramado ou Canela. Mas já passou muito
tempo. Há um certo grau de comparação e esperamos que a situação se repita
contra um rival tão forte.
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Sabella destacou a possibilidade de levantar
o troféu
"no país mais ganhador da história do futebol"
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Equilíbrio entre
defesa e ataque
- É um grande mérito do esforço dos jogadores. A
distribuição no campo é diferente, ocupamos mais os espaços laterais. Antes,
jogávamos com três meias e agora com quatro. Dois com características
ofensivas, mas que ocupam os espaços no lado do campo e nos dá equilíbrio.
O que fazer para
ganhar a partida
- Temos que fazer uma grande partida, com muita
concentração, ocupar os espaços rápido. Não podemos deixar a bola para a
Alemanha. É um time muito forte, o que mais chega à final, junto com o Brasil e
Itália. Um time que usa muito bem os espaços na defesa, os avanços dos
laterais. Teremos que fazer uma partida prefeita.
Decisão no Brasil
- Estar em uma final do Mundial representando o meu país é
uma grande satisfação profissional e pessoal. Que seja no país mais ganhador da
história do futebol, é um fato que não é menor. Sempre fui um grande admirador
do futebol brasileiro, o ganhador máximo dessa Copa. A final ser aqui nos
orgulha ainda mais.
Incentivo aos
jogadores
- É uma partida em que não se necessita motivação. É algo
que se motiva só pelo fato de jogar uma final, não há maior. Mas sempre há uma
coisinha para buscar para entrar um pouco mais ciente de um momento tão
importante.
Pensava quando jovem
em viver este momento?
- Não pensei que fosse estar com pouco cabelo (risos). Nunca
fui de pensar muito a longo prazo. Se perguntar o meu futuro, é o próximo
treino, a próxima partida. Pensar nisso 35 anos atrás era impossível. Muitos
jogadores pensam em fazer parte de uma comissão técnica, mas é um caminho muito
longo e nunca fiz planos distantes.
Despedida da seleção
- É um tema irrelevante agora diante da importância da
partida. Do ponto de vista profissional, é provável que seja o meu jogo mais
importante, além da final da Libertadores, também aqui no Brasil. Não conversei
nem com minha família a respeito do meu futuro.
Di María será
escalado?
- Vamos saber hoje. É um dia fundamental para ver como ele
melhorou. Vamos fazer um trabalho especial e vou ter um panorama melhor.
Equipe mais forte do
que na derrota em 2010
- É muito melhor fazer comparação com quem esteve em campo.
Eu não estava naquele momento. Por característica de utilização de espaços,
talvez sejamos um time mais conservador. É o que posso dizer. Buscamos o triunfo
por um caminho diferente. Na época, sofreram um gol muito cedo e que muda a
situação da partida. Esperamos que isso não aconteça. Se acontecer, que seja a
nosso favor.
O que conversa com os
jogadores
- Em linhas gerais, falamos da importância do meio-campo
para uma equipe. Temos que ter uma equipe sólida do ponto de vista físico,
mental e como estrutura dentro do campo.
Argentina mais
cansada do que Alemanha?
- Vamos esperar o jogo. Em 1998, na França, jogamos um dia
depois da Holanda e sofremos um gol no minuto 90. Depois de termos jogado com
prorrogação e pênaltis. É um fator que joga a favor da Alemanha obviamente.
Inspiração no
Uruguai?
- O caráter, a rebeldia, o espírito de sacrifício, jogar
como uma equipe. Isso tudo é importante.
Recado para a torcida
argentina
- Vamos dar tudo, como sempre fazemos. Através da humildade,
do sacrifício, do trabalho, da sensibilidade. Temos que dar antes de receber,
perdoar antes de exigir e dar tudo para que a Argentina volte a ser campeã.
Estamos satisfeitos por como estarmos melhorando e também por poder dar alegria
ao povo que ama o futebol. Vamos fazer todo o possível, mais do que isso não
vamos. Entregaremos tudo pelos companheiros, pela camisa da Argentina e pelo
futebol.