sábado, 12 de julho de 2014

Sonhando repetir 1986, Sabella avisa: "Temos que fazer a partida perfeita"

Treinador admite semelhanças entre geração atual e a comandada por Maradona no México, elogia alemães e evita confirmar saída da seleção: "É irrelevante"

Sabella lembrou que estava em pré-temporada 
pelo Grêmio quando a Argentina se sagrou bicampeã mundial
Erro zero. Essa é a missão da Argentina para deixar o Maracanã como campeã do mundo na noite deste domingo. Na prévia da decisão, Alejandro Sabella atendeu neste sábado a um batalhão de jornalistas no palco da final e não poupou elogios à Alemanha. Ciente da força do rival, o treinador deseja que sua equipe apresente níveis máximos técnica, tática e psicologicamente para voltar para casa com o tão sonhado tricampeonato do mundo. Qualquer vacilo contra um time que fez 7 a 1 nos brasileiros pode ser fatal.

Depois de chegar no Brasil como refém da genialidade de Lionel Messi, a Argentina se transformou em um time forte coletivamente, principalmente a partir do mata-mata. Com a principal estrela apagada, Sabella fortaleceu o sistema defensivo, trocou peças e viu um time bem postado não dar muitas chances para Suíça, Bélgica e Holanda. Contra os alemães, a estratégia é a mesma, mas com ainda mais qualidade.

- Temos que fazer uma grande partida, com muita concentração, ocupar os espaços rápidos. Não podemos deixar a bola para a Alemanha. É um time muito forte, o que mais chega em decisões, junto com Brasil e Itália. Um time que usa muito bem os espaços na defesa, os avanços dos laterais, principalmente o Lahm. Teremos que fazer uma partida prefeita.

O bate-papo com a imprensa reservou ainda comparações do time atual com o de 1986, comandado por Maradona e que levou o país ao topo do mundo pela última vez. O comandante argentino admitiu que a força coletiva no setor defensivo e a dependência de Messi na frente tornam as histórias das duas seleções similares. E torce para que o final seja como o do dia em que ele celebrou, no Brasil, por jogar no Grêmio, o bicampeonato.

- Esperamos que o resultado seja o mesmo. Estava no Grêmio na época da final, em pré-temporada em Gramado ou Canela, não tenho certeza. Já passou muito tempo. Há um certo grau de comparação (entre as equipes) e esperamos que a situação se repita contra um rival tão forte.

Como não podia deixar de ser, Sabella foi questionado sobre seu futuro. Nesta semana, seu agente relevou que a decisão da Copa encerra sua passagem pela seleção. O treinador minimizou o assunto, mas não negou o adeus.

- É um tema irrelevante agora diante da importância da partida.

O mistério da decisão está na participação ou não de Di María. Angel se recupera bem de um estiramento na coxa direita, mas Sabella deixou a dúvida no ar e tratou como determinante o treinamento deste sábado, em São Januário. Caso o craque seja vetado, Enzo Pérez permanece em seu lugar. Confira abaixo a íntegra da coletiva do treinador argentino:

Importância da comissão técnica

- Todos têm um grande mérito por ajudar a melhorar dia após dia. Sempre há o que evoluir, e eles estão presentes. Pela educação que me deram os meus pais, é preciso estar pronto sempre para aprender. E são profissionais que já tinham treinado equipes antes de mim. O professor Blanco (preparador físico) é fase vital desse trabalho. Todos me ajudaram e estamos juntos neste momento importante.

Legado de um possível título

- Ser campeão é sempre muito positivo. Renovam-se as expectativas, as esperanças. Há jogadores que atuam no futebol local, mas outros que estão fora e tiveram uma carreira de muita dedicação, como Basanta e Campagnaro. Um título dá incentivo a todos.

Comparação com 1986

- Esperamos que o resultado seja o mesmo. Estava no Grêmio na época da final, em pré-temporada em Gramado ou Canela. Mas já passou muito tempo. Há um certo grau de comparação e esperamos que a situação se repita contra um rival tão forte.

Sabella destacou a possibilidade de levantar 
o troféu "no país mais ganhador da história do futebol"
Equilíbrio entre defesa e ataque

- É um grande mérito do esforço dos jogadores. A distribuição no campo é diferente, ocupamos mais os espaços laterais. Antes, jogávamos com três meias e agora com quatro. Dois com características ofensivas, mas que ocupam os espaços no lado do campo e nos dá equilíbrio.

O que fazer para ganhar a partida

- Temos que fazer uma grande partida, com muita concentração, ocupar os espaços rápido. Não podemos deixar a bola para a Alemanha. É um time muito forte, o que mais chega à final, junto com o Brasil e Itália. Um time que usa muito bem os espaços na defesa, os avanços dos laterais. Teremos que fazer uma partida prefeita.

Decisão no Brasil

- Estar em uma final do Mundial representando o meu país é uma grande satisfação profissional e pessoal. Que seja no país mais ganhador da história do futebol, é um fato que não é menor. Sempre fui um grande admirador do futebol brasileiro, o ganhador máximo dessa Copa. A final ser aqui nos orgulha ainda mais.

Incentivo aos jogadores

- É uma partida em que não se necessita motivação. É algo que se motiva só pelo fato de jogar uma final, não há maior. Mas sempre há uma coisinha para buscar para entrar um pouco mais ciente de um momento tão importante.

Pensava quando jovem em viver este momento?

- Não pensei que fosse estar com pouco cabelo (risos). Nunca fui de pensar muito a longo prazo. Se perguntar o meu futuro, é o próximo treino, a próxima partida. Pensar nisso 35 anos atrás era impossível. Muitos jogadores pensam em fazer parte de uma comissão técnica, mas é um caminho muito longo e nunca fiz planos distantes.

Despedida da seleção

- É um tema irrelevante agora diante da importância da partida. Do ponto de vista profissional, é provável que seja o meu jogo mais importante, além da final da Libertadores, também aqui no Brasil. Não conversei nem com minha família a respeito do meu futuro.

Di María será escalado?

- Vamos saber hoje. É um dia fundamental para ver como ele melhorou. Vamos fazer um trabalho especial e vou ter um panorama melhor.

Equipe mais forte do que na derrota em 2010

- É muito melhor fazer comparação com quem esteve em campo. Eu não estava naquele momento. Por característica de utilização de espaços, talvez sejamos um time mais conservador. É o que posso dizer. Buscamos o triunfo por um caminho diferente. Na época, sofreram um gol muito cedo e que muda a situação da partida. Esperamos que isso não aconteça. Se acontecer, que seja a nosso favor.

O que conversa com os jogadores

- Em linhas gerais, falamos da importância do meio-campo para uma equipe. Temos que ter uma equipe sólida do ponto de vista físico, mental e como estrutura dentro do campo.

Argentina mais cansada do que Alemanha?

- Vamos esperar o jogo. Em 1998, na França, jogamos um dia depois da Holanda e sofremos um gol no minuto 90. Depois de termos jogado com prorrogação e pênaltis. É um fator que joga a favor da Alemanha obviamente.

Inspiração no Uruguai?

- O caráter, a rebeldia, o espírito de sacrifício, jogar como uma equipe. Isso tudo é importante.

Recado para a torcida argentina

- Vamos dar tudo, como sempre fazemos. Através da humildade, do sacrifício, do trabalho, da sensibilidade. Temos que dar antes de receber, perdoar antes de exigir e dar tudo para que a Argentina volte a ser campeã. Estamos satisfeitos por como estarmos melhorando e também por poder dar alegria ao povo que ama o futebol. Vamos fazer todo o possível, mais do que isso não vamos. Entregaremos tudo pelos companheiros, pela camisa da Argentina e pelo futebol.

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