Antes dos pênaltis, Mascherano "garante" heroísmo
ao goleiro, que relembra eliminação na Copa América em casa e fica com bola do
jogo: "Puder dar uma mão"
Argentinos e holandeses se preparavam para as penalidades
máximas, a tensão tomava conta da Arena Corinthians. Depois de 120 minutos onde
as duas seleções se preocuparam mais em evitar uma derrota do que em atacar,
não tinha jeito, alguém teria que ganhar. E no meio de inúmeros rituais de
concentração, Javier Mascherano se dirigiu a Sergio Romero, segurou sua cabeça
e disse: "Hoje você se transformará em herói". De olhos bem abertos,
o goleiro ouviu a profecia do volante, e acreditou.
Sempre tão criticado, sempre tão questionado, sempre tão
vilão muitas vezes sem motivo - como nos 4 a 0 sofridos para Alemanha, na Copa
de 2010 - Chiquito se mandou para a baliza e entrou para eternidade na seleção
argentina. As críticas fatalmente voltarão um momento ou outro, mas ninguém
tirará dele o posto indicado por Masch, o posto de herói da classificação para decisão
de domingo, contra a Alemanha, no Maracanã.
Titular pela segunda Copa do Mundo consecutiva, Romero
repetiu Goycochea, que 24 anos atrás também colocou os hermanos em uma final de
Copa ao defender pênaltis - na ocasião, parou os italianos Donadoni e Serena.
Com Chiquito, as vítimas foram Vlaar e Sneidjer, em partida onde o goleiro
alcançou outra marca importante: se tornou o primeiro argentino a passar seis
partidas de Mundiais sem sofrer gols, de um total de 11. Pumpido e Fillol
ficaram para trás. Aliviado, o camisa 1 admitiu ter mudado o rumo de sua
relação com a seleção na noite de quarta-feira na Arena Corinthians e rechaçou
o posto de substituto de Goyco. Para ele, há lugar para todo mundo.
Sergio Romero: a redenção após eliminação na Copa América de
2011
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- Mascherano me disse para aproveitar, que era o meu momento
depois de ter recebido tanta crítica. Disse que esse era o momento em que eu
mudaria a história. Graças a Deus, pude ajudar (...) É preciso seguir lembrando
os pênaltis de Goyco, que em seu momento fez grandes coisas pela seleção, pelo
nosso país. Eu só consegui dar uma mão em um momento importante. Tenho
companheiros que não se entregaram, correram 120 minutos, e no fim pude dar uma
mão.
Sergio Romero se sentia em dívida com seu país. Há três
anos, na Copa América disputada na Argentina, ele não conseguiu pegar nenhum
pênalti do Uruguai e viu o país chorar em casa a eliminação nas quartas de
final, depois de Carlos Tévez desperdiçar sua cobrança. Com a bola do jogo nos
braços, celebrou a noite inesquecível.
- Foi pelos pênaltis da Copa América, que eu não consegui
pegar. O Uruguai bateu bem. Agora, pude ajudar meus companheiros em uma decisão
e vou feliz para casa. Me deram de presente a bola como um troféu, e vai ser
uma recordação linda no futuro para minhas filhas, que ainda são muito
pequenas.
Antes de cada cobrança da Holanda, Romero foi flagrado pelas
câmeras com um pedaço de papel guardado dentro do calção. Questionado se era
uma espécie de gabarito com o estilo dos adversários, o goleiro garantiu que
não, mas revelou ter estudado bastante a série da Laranja diante da Costa Rica,
nas quartas de final. Tanto que lembrou que os dois únicos pênaltis que não
defendeu foram cobrados de maneira diferente.
Romero é flagrado olhando pedaço de papel antes de cada
cobrança: seria uma "cola"?
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- Sabíamos um pouco como eles batiam, mas Robben e Kuyt
trocaram de lado. No primeiro, fui intuitivo e fui com tudo para esquerda.
Quando pegamos o primeiro pênalti, simplifica tudo para todos. Ficam mais
tranquilos.
Caçula e mais baixo de um grupo de quatro irmãos, Romero
ganhou exatamente por isso o apelido de Chiquito. O trio de hermanos
grandalhões estava na arquibancada, e o goleiro fez questão de dividir o mérito
com os familiares.
- Falei com minha mulher e ela disse que todo mundo deu os
parabéns, cumprimentou. Esse é um reconhecimento muito lindo. Meus país não
puderam vir, mas estão minha esposa, filhas, irmãos, amigos... Com certeza
aproveitaram mais do que eu.
A Argentina de Romero já está de volta a Belo Horizonte,
onde treina nesta quinta-feira, às 16h30m (de Brasília), na Cidade do Galo. A
viagem para o Rio de Janeiro está marcada para sábado pela manhã, para a grande
decisão de domingo, às 16h, no Maracanã, contra a Alemanha.
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