História mostra que país campeão da Copa costuma ter craque
eleito pela Fifa em Zurique. Exceção é exatamente o argentino, dono do troféu
em 2010 e mal no Mundial
Título mundial encaminharia mais uma Bola de Ouro para Messi
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Abre o olho, Cristiano Ronaldo! Campeão da Champions League
pelo Real Madrid, com direito a recorde de gols batido, o português surgia como
favorito para ganhar pela terceira vez o prêmio de melhor do mundo na
temporada. Tinha, no entanto, uma Copa do Mundo no caminho. E aí, amigo, tudo
muda. Um mês vale mais que o restante do ano, e a história mostra que um título
da Argentina, domingo, no Maracanã, diante da Alemanha, dificilmente não fará
com que Lionel Messi alcance pela quinta vez a maior premiação individual do
futebol no planeta.
Não que o argentino esteja fazendo um Mundial estupendo até
o momento. Não, não está. Depois de lampejos decisivos na primeira fase, onde
marcou quatro gols em três jogos, segue em branco no mata-mata e apareceu
"somente" na assistência para o gol de Di María, nas oitavas de
final, contra a Suíça. O retrospecto da premiação da Fifa, por sua vez, mostra
uma tendência muito forte para que o melhor da temporada saia do campeão do
mundo. Somente uma vez isso não aconteceu, e o troféu foi parar nas mãos de
justamente quem? Lionel Messi.
Campeã com um futebol pautado no jogo coletivo, a Espanha
até colocou dois representantes entre os três finalistas em 2010, Xavi e
Iniesta, mas a dupla não foi páreo para os 60 gols de Messi na temporada. Este
exemplo, inclusive, vale para o caso de a Alemanha ser campeã no Rio de
Janeiro, algo que CR7 deve estar torcendo muito. Sem uma estrela tão reluzente
como o argentino e o português, os germânicos têm em Müller o principal
destaque individual, um jogador que até pode ser eleito o craque da Copa, mas
não tem força para vencer a votação no fim do ano. Aí, o retrospecto no Bayern
passa a ser levado em conta, e o atacante sequer é titular absoluto de
Guardiola.
Com Messi, a situação é diferente, e não faltarão motivos
para ampliar uma lista que já conta com Lothar Matthäus, Romário, Zidane,
Ronaldo e Cannavaro. Todos campeões mundiais no meio do ano e consagrados como
melhores do mundo meses depois. A exceção foi o defensor alemão, que teve que
esperar até o ano seguinte para ser coroado, e logo no primeiro ano em que a
Fifa criou a premiação, em 1991.
Matthäus, Romário, Cannavaro, Zidane e Ronaldo
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Capitão da Alemanha de Franz Beckenbauer, Matthäus jogava
como líbero e marcou quatro gols no Mundial da Itália - mesmo número que Messi
atualmente. Na semifinal, ainda converteu sua cobrança de pênalti na série com
a Inglaterra, em outra coincidência com o argentino. A Fifa, no entanto, elegeu
o italiano Salvatore Schillaci como melhor jogador da competição, pelos seis
gols marcados que lhe renderam também a artilharia. Matthäus, por sua vez,
levou a badalada Bola de Ouro da revista France Football e esperou até o fim de
91 para ser agraciado pela entidade máxima do futebol.
Quatro anos depois, não teve para ninguém: Romário conseguiu
a dobradinha. O Baixinho fez cinco gols na campanha do tetra do Brasil e foi
eleito o craque do Mundial dos EUA. Seis meses mais tarde, levou a melhor
também em votação da Fifa e deixou para trás o amigo búlgaro Stoichkov, com
quem jogava junto no Barcelona, e o italiano Roberto Baggio.
Na França, em 1998, Zinedine Zidane foi a bola da vez. A
expulsão na primeira fase, que o tirou de boa parte da campanha vitoriosa
francesa, o impediu de ser eleito o melhor do Mundial, posto que ficou com
Ronaldo. Zizou, entretanto, não ficaria de mãos abanando depois de marcar dois
gols na final contra o Brasil, e venceu o primeiro de seus três prêmios de
melhor do mundo.
Já Ronaldo viveu papel inverso na história na disputa em
gramados asiáticos. Goleador máximo da Copa de 2002, na Coreia e no Japão, viu
Oliver Khan ser consagrado o craque da competição antes mesmo de falhar em um
dos gols do Fenômeno na final do Brasil. O erro foi reparado meses depois,
quando o brasileiro faturou o tri na festa de gala da Fifa. Já o último campeão
do mundo e também consagrado individualmente foi aquele que talvez mais
comprove a importância de um Mundial na votação: Fabio Cannavaro.
Messi e suas quatro Bolas de Ouro: título da Copa poderia
ser o caminho para mais uma na coleção
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O italiano foi o capitão do tetracampeonato da Azzura, em
2006, na Alemanha. Sua participação, entretanto, foi sem maiores destaques
individuais, longe do que fez Matthäus 16 anos antes, por exemplo. Símbolo do
jogo coletivo e defensivo da Itália, o zagueiro acabou vendo o troféu de melhor
do mundo cair em seu colo depois da cabeçada de Zidane, craque do torneio, em
Materazzi na final e a participação trágica de Ronaldinho na competição. Neste
caso, a Copa do Mundo interferiu mais para tirar a eleição das mãos dos
favoritos.
Coube a 2010 ser o único ano em que nem o campeão, nem o
craque da Copa fizeram a festa na premiação em Zurique. Diego Forlán, do
Uruguai, foi aclamado na África do Sul, mas sequer foi nomeado para disputar o
troféu da Fifa. Era o ano do segundo dos quatro títulos de Lionel Messi. Isso
com a Argentina saindo goleada nas quartas de final e sem marcar um golzinho
sequer. Imagina com título domingo? É, Cristiano. O jeito vai ser virar alemão.
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